quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

QUEM VAI PAGAR?

(vamos contar a modos que uma história...)

Era uma vez uma cidadã portuguesa que estava grávida e vivia numa área urbana que era servida por um hospital entregue pelo Estado à gestão de uma empresa privada, no tempo em que era primeiro Ministro um economista chamado Aníbal Cavaco Silva (já ninguém se leeembra...).

Parece que alguma coisa falhou na equipa médica que estava de serviço à maternidade no dia em que a cidadã entrou em trabalho-de-parto.

O feto, acabou por ser retirado morto, com o crânio esmagado.

A família foi para os tribunais exigir responsabilidades, mas o tribunal de primeira instância acabaria por concluir que o crânio do feto tinha sido esmagado (pasme-se!!!) pelos ossos da bacia da mãe....

A família não "engoliu" e recorreu para a Relação.

Agora, em Dezembro de 2009, o Tribunal da Relação vem contrariar a decisão anterior e condenar o médico por negligência.

Daqui, há que pagar Indemnizações aos pais, pelo médico e pelo Hospital.

Tudo bem... MAS!...

Acontece que o Hospital Fernado da Fonseca (Amadora-Sintra) , deixou de estar entregue à tal empresa privada desde Janeiro de 2009.

E então, pergunta-se:

QUEM VAI PAGAR pelo Hospital?

O estado,
que é o seu dono e actual gestor,
ou
a empresa privada
que era gestora à data da ocorrência e que foi quem contratou o médico?


Eu gostava de saber.
Porque sou contribuinte que suporta as despesas do estado,
e
porque a tal empresa privada vai ser "dona" do Hospital da minha área de residência.... em 2010.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009


A GLOBALIZAÇÃO DA PELINTRICE.

Anda por aí uma moda nova em tudo o que é gestão institucional, que vai das empresas aos Serviços do Estado, a que eu chamo a globalização da pelintrice.

O cerne da coisa, é cada um afirmar-se pela redução da despesa e não pela procura da qualidade.

Já ninguém quer ter empregados vinculados, preferindo sub contratar o trabalho pela intermediação de empresas ditas de cedência temporária de mão-de-obra, mas que mais não são do que estruturas parasitas que nada produzem.

O resultado, é ninguém saber ao certo qual é a formação e a actualização de conhecimentos de quem executa uma tarefa, seja ela qual for.

A praga está a invadir áreas que deviam ser absolutamente restritas. E só não enumero aqui algumas, porque sei que teria imediatamente um processo em cima de mim, por difamação ou qualquer outra coisa para me lixar a vida.

Mas pergunto-me: os aviões que estão a cair mais do que o estatisticamente esperado, um recém-nascido que morreu há semanas em Espanha numa Unidade de Cuidados Intensivos, por via de um erro grosseiro e os doentes que foram gravemente prejudicados nos olhos num hospital português, não serão tudo males vindos da mesma moléstia:

a globalização da pelintrice?

É que, por exemplo, se um hospital precisa de pintar uma parede, é claro que não vai contratar um pintor para os seu quadros permanentes, se tem só uma parede para pintar. Adjudica o trabalho a um empreiteiro qualquer e ele que escolha o pintor. Desde que a parede mude de cor, está tudo bem.

Mas poderá esse hospital contratar dessa forma (exactamente dessa forma!) médicos e outros técnicos para fazer atendimentos de urgência e outras tarefas com doentes????

A resposta está nos jornais diários, nos anúncios que por lá aparecem: isso está a ser feito.

Basta ver a firmeza convincente com que os médicos do hospital onde houve o problema com os olhos dos doentes defendem publicamente que não falharam em nenhuma téccnica (entenda-se dos médicos que trataram os doentes), para se perceber que eles sabem o que aconteceu.... mas não podem dizer, nem lhes compete.